Governo federal lança iniciativa de educação financeira voltado às beneficiárias do Bolsa Família
Iniciativa será ofertado nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e promoverá oficinas para mais de 200 mil mulheres
Melhorar a gestão do orçamento familiar, quebrar o ciclo da pobreza entre gerações e garantir o bem-estar de milhares de brasileiros beneficiários do Bolsa Família. As metas fazem parte da iniciativa Futuro na Mão: dando um jeito na vida financeira, lançado pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) no último dia 14, em São Paulo (SP).
A iniciativa vai incentivar a reflexão e a troca de ideias sobre práticas de educação financeira para mais de 200 mil mulheres beneficiárias do Bolsa Família. Fruto da parceria com a Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), a ação conta com o financiamento do Banco Mundial e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Capacitação
O ciclo de formação de multiplicadores do Futuro na Mão: dando um jeito na vida financeira começou no dia seguinte ao lançamento (15) e reuniu 120 técnicos dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de 50 cidades de São Paulo. Os participantes estiveram reunidos em sala de aula para aprender e, em uma próxima etapa, disseminar o conhecimento adquirido.
Segundo a diretora de Benefícios da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (Senarc) do MDS, Caroline Paranayba, é preciso que as equipes da assistência social se coloquem na posição das beneficiárias para enxergar as dificuldades na gestão financeira e conseguir estabelecer uma conexão com as mulheres que receberão as aulas.
O Futuro na Mão vai oferecer oficinas para mais de 200 mil mulheres beneficiárias do Bolsa Família por todo o país. Para capacitar os técnicos que irão ministrar as aulas, o MDS promoverá cursos de formação para 1.200 técnicos dos Cras de todas as regiões do Brasil nos próximos meses.
Como funciona o Futuro na Mão?
As oficinas de educação financeira do Futuro na Mão são formadas por três encontros, oferecidos nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras), no âmbito do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif).
Cada encontro possui objetivos específicos e as participantes recebem um material para auxiliá-las durante o curso. O material utilizado, desenvolvido em parceria com beneficiárias do Bolsa Família, baseia-se em três eixos: formação de reservas, planejamento financeiro e controle de dívidas.
Na primeira oficina, são entregues os “Cofrinhos da Família”, três cofrinhos de papel destinados a armazenar o dinheiro para despesas do dia a dia, emergências e os sonhos e projetos da família.
Já no segundo ciclo, de planejamento financeiro, as mulheres recebem a “Agenda da Família”, com divisórias e adesivos coloridos que ajudam a visualizar as fontes de renda e os tipos de gastos da família, fazendo uma “fotografia financeira”.
Por fim, na terceira parte da capacitação, as participantes recebem a “Carteira da Família”, kit composto por uma carteira e duas cadernetas. As beneficiárias poderão utilizar as cadernetas para anotar as entradas e saídas de dinheiro, compreendendo as dívidas e evitando a inadimplência.
O desenvolvimento da ação
A iniciativa foi desenvolvido com a participação de mais de três mil beneficiárias e, aproximadamente, 200 trabalhadores dos Cras de todas as regiões brasileiras. Durante o primeiro ciclo, 80 mulheres beneficiárias do Bolsa Família, moradoras de 14 cidades diferentes, foram acompanhadas ao longo de quatro meses, por uma equipe contratada para executar a pesquisa. Foram identificados quatro principais perfis de mulheres, em relação à forma como lidam com suas finanças.
Esses perfis serviram como base para a criação de soluções adequadas, com a finalidade de ajudá-las a conhecer melhor sua situação financeira, reduzir o endividamento e criar reservas. A etapa seguinte, o desenvolvimento das tecnologias, foi realizada com a participação de cerca de três mil mulheres em 20 municípios.
Em seguida, na aplicação-piloto, foram apresentadas as tecnologias construídas para um grupo de duas mil mulheres. Todas elas participaram de uma avaliação de impacto. Dentre aquelas que participaram das oficinas e receberam as tecnologias, houve um aumento de 75% na capacidade de cobrir os gastos com emergências usando suas próprias reservas, evitando o endividamento. Além disso, houve um aumento de 39% na capacidade das famílias de criar uma poupança ou reserva em dinheiro.
Implantação nos municípios
Em 2018, o Futuro na Mão será disponibilizado aos municípios com capacitação dos técnicos dos Cras e disponibilização dos materiais a serem utilizados nas oficinas. Na primeira fase, que será executada de maio a dezembro deste ano, 560 municípios serão convidados a aderir à iniciativa.
Os critérios adotados para a definição dessas cidades foram: a existência ou planejamento de oferta do Programa Acessuas Trabalho; o atendimento pelo Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias (Paif) de, pelo menos, 100 famílias beneficiárias do Bolsa Família; e a inclusão das capitais e metrópoles. A intenção do ministério é ampliar gradualmente o acesso ao Futuro na Mão.
|