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Água: preservar para continuar produzindo
Dia Mundial da Água
Sem ela, as sementes que são cultivadas no solo não germinam, não viram plantas, não dão fruto e, assim, não produz alimentos para o país. Desde 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) vem chamando a atenção para a escassez do recurso hídrico. Hoje, estima-se que em todo mundo mais de 600 milhões de pessoas ainda não têm acesso a uma água limpa e segura. E para atentar para sua importância, é celebrado nesta terça-feira, 22 de março, o Dia Mundial da Água.
Segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (WWDR 2016), divulgado hoje, entre 2011 e 2050, a população mundial terá um crescimento de 33%, aumentando de 7 bilhões para 9,3 bilhões de pessoas, enquanto a demanda por alimento aumentará em 70%. Se, em todo mundo, a agricultura é responsável por 70% do total do consumo da água doce, é fundamental preservar esse recurso, conforme aponta o estudo.
“A água, assim como o ar, é fundamental para as nossas vidas e de todos os seres vivos, para preservar a biodiversidade e os ecossistemas. A terra é a guardiã das águas, é de onde vêm as nascentes, ficam os lençóis freáticos e correm os rios. Assim, para preservarmos a água, é preciso discutir também a terra e a função social que ela tem”, observa o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, ao falar sobre esse importante recurso natural.
Fundamental para a produção
Para o assentado da reforma agrária, Francisco Evanildo de Melo, 36 anos, a água representa “liberdade para produzir e viver melhor”. Desde pequeno, ele aprendeu a tirar o sustento da terra, convivendo com longos períodos de estiagem, no Semiárido brasileiro. Assim, ainda jovem, descobriu o valor que o recurso hídrico tem.
“Já passamos por situações bem difíceis. Na época de seca, a gente acaba apanhando muito, principalmente em um terreno arenoso como o nosso”, afirma. Parte da produção dele, que é cultivada em parceria com a esposa, no município de Caraúbas (RN), acompanha o calendário climático. “Tenho grãos, como o sorgo e o feijão, que planto como sequeiro. Como a chuva não veio dentro do esperado, acabamos perdendo, recentemente, todo o milho que plantamos”, conta.
Há quase três anos, Francisco viu a vida e a produção mudar. Ele foi um dos beneficiários do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). Com a cisterna calçadão, que comporta até 52 mil litros de água ele mantem a casa, a criação de animais de pequeno porte, uma horta e o cultivo de fruteiras, além da apicultura – trabalho de onde vem o principal sustento da família.
“A água representa vida. Quando o agricultor acessa esse recurso, ele é capaz de fazer grandes produções e passa a ter mais dignidade. Hoje eu posso dizer que tenho água para trabalhar uns seis meses”, comemora. Mas não é só ter água, é preciso preservar para não faltar, como ensina o assentado.
“Temos um sistema de Bioágua. Da cisterna separo um tanto de água para consumir em casa, para tomar banho e lavar as vasilhas. Toda essa água utilizada não é desperdiçada. Ela é reaproveitada para aguar as fruteiras e as hortaliças”, comenta.
Apicultura
Em um ano normal, as dez colmeias ativas do agricultor chegam a produzir 400 quilos de mel. “A apicultura é a melhor alternativa para a seca, porque ela é de rápida produção. A gente coloca água, comida para que elas possam produzir, mesmo quando o clima não ajuda”, explica.
Dia da água
O Dia Mundial da Água foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992. Na época, o organismo internacional divulgou a Declaração Universal dos Direitos da Água, que contém dez artigos que preveem o recurso hídrico como patrimônio do planeta; que o equilíbrio e o futuro do mundo dependem da preservação da água e de seus ciclos; que a água não deve ser nem poluída, nem envenenada; entre outros.
>> Confira aqui o relatório divulgado nesta terça-feira (22) pela Unesco.