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“Meu sonho é ser tenista profissional e viver disso”
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL
Brasília – O sol escaldante de Brasília marca no rosto de Paulo André Saraiva o esforço para acertar o saque perfeito. O jovem de 17 anos treina o mesmo movimento uma centena de vezes por dia. O empenho tem um objetivo certo. “Meu sonho é ser tenista profissional e viver disso”.
O sonho está bem próximo. Paulo André está em 10º no ranking brasileiro na categoria até 18 anos e, até o ano passado, era o primeiro na categoria até 16 anos. Esse caminho até os melhores do Brasil começou no Forças no Esporte. O programa é desenvolvido pelo Ministério da Defesa com o apoio das Forças Armadas e em parceria com os ministérios do Desenvolvimento Social (MDS) e do Esporte. Eles têm acesso a esportes e uma alimentação adequada no turno contrário ao da escola.
Os alimentos são comprados, exclusivamente da agricultura familiar, com recursos do MDS. Nos próximos 18 meses, serão investidos R$ 33 milhões nesta ação. A aquisição dos produtos é feita pela modalidade Compra Institucional do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Segundo o secretário-executivo da pasta, Alberto Beltrame, o investimento é uma forma de garantir uma alimentação saudável para os jovens, incentivando a participação deles no programa, mas também é um importante estímulo para os agricultores familiares. Ele destaca ainda que o programa será ampliado e terá uma função estratégica, inclusive no enfrentamento à violência.
“Esses recursos representam um incentivo à agricultura familiar. Por outro lado, provê uma alimentação saudável para esses jovens no período em que eles estão desenvolvendo suas atividades esportivas. É um programa de sucesso que queremos, inclusive, aprofundar e ampliar em todo o país, mas especialmente no Rio de Janeiro, ajudando a retirar os jovens da influência do tráfico, da situação de maior vulnerabilidade”.
Talento – Paulo André ia para o Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília para ter uma atividade enquanto a mãe trabalhava. Na época, era o futebol que ocupava as tardes de brincadeiras nos campos da Marinha. “Os meus amigos, que já saíram do projeto, me chamaram para fazer tênis. Na primeira aula, já gostei. O professor dizia que eu levava um jeitinho pra jogar. Nunca tinha jogado antes, nem de brincadeira”, lembra.
Para ser um atleta profissional, a alimentação foi essencial para o desenvolvimento do jovem. Por vezes, era no Forças no Esporte que o tenista encontrava o sustento para os treinos. “Algumas crianças não têm condições de ter uma boa alimentação se não fosse o projeto. Isso ajudou no meu desenvolvimento. Tudo era bem organizado e eu fazia as refeições certas”.
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Enquanto todos os meninos da sua idade queriam ser jogadores de futebol, Paulo André queria a bolinha verde e a raquete. Convencer a mãe, Jandilma Saraiva, 39 anos, não foi fácil. Ela ainda ri quando se lembra do dia em que o filho contou que queria ser tenista. “Eu disse que tênis era esporte de rico, mas ele me disse: ‘mãe, rico joga por esporte e eu vou jogar para ser alguém na vida’. Foi assim que a gente começou uma batalha, muitas vezes eu não ia trabalhar para dar o dinheiro para ele treinar ou comer alguma coisa”, conta.
Paulo André mora com a mãe e a irmã Pamella, 12 anos, em uma casa alugada no Itapuã, região administrativa do Distrito Federal. Jandilma é empregada doméstica. O benefício no valor de R$ 170 do Bolsa Família complementa a renda. Os professores, muitas vezes, ajudavam nas despesas da família. “Eu tinha um treinador que ajudou muito. Ele me trazia lanches e ajudava a minha mãe para colocar mais dinheiro em casa”, relembra o jovem.
Sobre o Forças no Esporte, Jandilma é só elogios. Pamella, a filha mais nova, teve aulas de flauta na Marinha. A dona de casa reconhece o apoio que o programa ofereceu quando seus filhos mais precisaram. “O projeto é maravilhoso. Ele consegue tirar muitos meninos da rua. Quando eles vão para o projeto é uma forma de terem a alimentação certinha.”
Ao falar sobre o reconhecimento do filho nas quadras de saibro, Jandilma abre logo um sorriso. “Eu sou muito suspeita para falar do Paulo. É um filho muito responsável. Tenho certeza que ele vai conseguir tudo o que quer. O tênis está abrindo muitas portas.”
Atualmente, os treinos tomam grande parte do tempo de Paulo André. A dedicação é extrema: são sete horas por dia, de segunda a sexta-feira. Nos sábados, os treinos são mais leves – apenas duas horas. A carga horária fez com que o tenista começasse a cursar o ensino médio à noite. Mas ele é persistente. “É duro sair do treino e ir estudar. Mas se tem que fazer isso para jogar, vou fazer”, afirma.
Saiba mais
O Programa Forças no Esporte é uma iniciativa focada no desenvolvimento integral de crianças e jovens – entre 6 e 18 anos – em situação de vulnerabilidade social e regularmente matriculados na rede de ensino.
No turno contrário da escola, eles praticam diversos esportes, como tênis, corrida, lutas e atletismo em 164 unidades militares de todo o Brasil. As ações mantêm a garotada longe dos perigos das ruas e possibilitam a descoberta de talentos.
Além das práticas esportivas, os jovens têm atendimento médico, reforço escolar e orientações sobre civismo, cidadania e desenvolvimento das habilidades profissionais. Também participam de palestras e campanhas educativas.
Informações sobre os programas do MDS:
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